Você coloca uma música do Michael Bublé para tocar. A luz do ambiente diminui e você acende algumas velas. Você se vira em um meio passo de valsa e faz uma mesura brincalhona e me tira para dançar.
Nossos dedos se entrelaçam em um encaixe perfeito. A sua outra mão pousa na base da minha coluna enquanto a minha descansa sobre seu ombro.
Os teus olhos que dançam cheios de emoção enquanto desvenda minha alma. Nos teus lábios (ah, os seus lábios) carregam um sorriso que tenta soar irônico, mas que sustenta tanta alegria que me quase me derruba pelos meus pés.
Em um movimento você me coloca mais perto até que as batidas dos corações cria um ritmo próprio, aquele tipo de música que só dois corpos conseguem compor.
O seu nariz toca no meu e de repente, teus olhos e os meus são um só. Um arrepio desce por minha coluna e o calor se espalha pelo meu corpo até o dedinho do pé.
São aqueles segundos, o prelúdio ao beijo que fazem toda a diferença. E como se fosse a primeira vez, seus lábios pairam hesitantes sob os meus, emanando sua respiração morna e levemente acelerada.
Teu beijo que começa com um pedido se transforma em todas as respostas. Você vai deixando sua trilha de calor pelo meu pescoço até descansar o rosto na curva onde começa meu ombro. Você inala o cheiro do meu cabelo e elogia, como sempre, o perfume dele.
Meus dedos envolvem seu cabelo e lhe faço um cafuné. Como eu amo teus cabelos e como ele tem o tamanho exato para meus dedos se encaixarem nele. Amo o fato de você saber que isso é a minha forma de demonstrar todo meu afeto.
Aquele teu sorriso descansa sobre minha pele e eu mesma não posso evitar de me ver sorrindo cada vez que o mínimo pensamento sobre você cruza a minha mente.
É nessa sala com pouca luz que enxergo a verdade: amo você em cada detalhe, em cada erro e acerto. Te amo quando nada mais faz sentido.
Descanso minha cabeça em ti, mas também meu coração (pobre coração que tanto apanhou) relaxa e se exulta quando encontra o seu.
Não sei quanto tempo se passa até que a última música toque,mas naquele momento eterno só penso em seguir o ritmo que enche a sala e nosso pequeno mundo.
Era uma sexta-feira à noite, estávamos parados de lados opostos da calçada esperando o regresso de um casal amigo nosso, o silêncio já estava tornando-se constrangedor. Ele repara pela primeira vez que meu cabelo está muito diferente desde a última vez que nós nos vimos, faz uma comparação saudosista, ainda que tímida, de quando eu estava com ele todo bagunçado em uma apresentação da escola. Por todo o caminho no carro, trocamos apenas amenidades, falamos da dificuldade de nos tornarmos adultos, relembramos apenas situações não muito profundas, tudo muito casual e raso. Então ele se senta estrategicamente perto o suficiente para que pequenos toques aconteçam. Assistimos o casal da mesa brigar por pequenas coisas e, entre minhas risadas, encontro o olhar dele e lhe pergunto implicitamente se teríamos acabado assim, então ganho como retorno um daqueles sorrisos enigmáticos que mais me enchem de perguntas do que me dão uma resposta. A conversa de bar acaba virando o nosso típico “c
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