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Todos os quases


Quase te liguei essa semana. Passei várias horas olhando para a janela da sua conversa e ponderei se deveria mandar um simples oi. Queria tanto te contar as novidades da minha semana, queria te contar da proposta maluca que eu aceitei. Tenho certeza que você iria rir e me tranquilizar, me dizer para acreditar no meu potencial. Mesmo com seu jeito meio distante e cauteloso, você sempre demonstrou interesse pelas minhas preocupações. 
Quis te contar também de como eu fiquei super brava com meus amigos, naquele nível que você nunca viu. Não iria descontar minha raiva, porque tem algo anestésico na sua calmaria, algo que traz um tão necessário equilíbrio para minha vida.
Havia tantas coisas a serem ditas, mas nenhuma delas deixaram a minha cabeça. Eu achei que pela primeira vez eu não estava correndo atrás de um fantasma, e com isso estava sempre aprendendo a lidar com suas virtudes e defeitos. Me esforcei todos os dias para que a minha mania de deixar para lá não me vencesse.
Admito que sou uma pessoa que costuma desistir muito rápido dos outros, talvez por tédio, talvez por medo de baixar a guarda o suficiente para deixar alguém ver além da minha fachada. Nunca tentei o suficiente como eu tentei com você, nunca me preocupei em conhecer e levar o assunto adiante.
Tentei até mesmo quando você se tornou monossilábico, quando eu claramente ainda tentava. Talvez você tenha se cansado de mim e encontrado coisa melhor. Talvez tenha percebido quão pesado é meu fardo e viu que não era um preço que estava disposto a pagar.

São tantas perguntas sem respostas, que só você poderia dar. Eu queria te ligar essa semana, mas sou orgulhosa demais e fico esperando que você vai retornar. Eu queria te ligar essa semana, mas só fico olhando para o telefone que não irá tocar. 

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