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Esta não é uma história de amor.


Encontravam-se todos os dias na faculdade. Cruzavam sempre o mesmo corredor. Um dia quase se trombaram em uma escada, ela abaixou a cabeça envergonhada e seguiu em frente. Tinha apenas murmurado uma desculpa, que provavelmente, ele nem ouviu.
A rotina era sempre a mesma, sempre encontrando- o pelos corredores sem nada a dizer. Ela o achava bonitinho, mas nem sequer sabia o seu nome. Jamais iria se apresentar para um cara aleatório.
  Só sabia que era apaixonada pelo seu perfume. Ficava inebriada por ele cada vez que se esbarravam. Na sua cabeça, aquilo seria apenas mais uma de suas paixonites.
Um dia, após muita insistência de sua amiga, resolveu ir a uma festa. O encontrou lá. Em meio à roda de amigos, acabaram entrando em uma conversa só deles.  A química fora tão natural, que se espantaram por nunca terem conversado antes.
Descobriram que gostavam de várias bandas iguais, da queda por reality shows babacas, que ele gostava de ler e ela de fazer shows quando ninguém estava vendo.
Durante a festa que se desenrolava e vários copos que iam ficando vazios, a sua inibição ia embora também. Perdeu a conta de quantas vezes pensou em beijá-lo naquela noite, porém quando estava perto de fazê-lo, desistia.
Logo percebeu a amiga chamando para ir embora, e com um sorriso educado despediu-se de todos. Para ele, ficou a promessa de continuariam aquela conversa posteriormente.
Mas, a timidez sem ajuda do álcool fez das conversas de universidade mais esparsas, com um tom mais comedido. Muitas vezes, lhe faltava até mesmo coragem para cumprimentá-lo. 
O ano passou, eles namoram pessoas diferentes, mantiveram uma amizade de corredor. No final do semestre, ele conseguiu seu diploma e viajou para a Europa.

Cada um seguiu seu caminho, trocavam algumas mensagens de vez em quando, mas não foram mais do que amigos. Ela sabia melhor que nem todo amor era feito para durar. E este era um deles. 

Comentários

Anônimo disse…
Às vezes canso dessas histórias feitas pra não durar, e às vezes penso no que acontecerá comigo se elas acabarem, e como elas poderiam acabar. Será que sentirei falta? Será que serei feliz? Terei outras histórias pra contar? Essa sexta, no Globo Repórter. auehaue n

@henriqueandradi aqui :)))

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