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O que restou de você em mim

Esses dias eu vi um carro igual ao do seu pai passando na rua do meu trabalho. Vi alguém usando a fatídica jaqueta listrada. Te vi em tantos lugares, mas você não estava em nenhum deles.  Tenho me perguntado se "It's my life" continua sendo o seu hino pessoal. Aprendi a ouvir Bon Jovi por você. Até hoje, tem dias que choro ouvindo Always.   Sabia que nunca consegui ler Morangos Mofados por que me lembra de você sentado no ônibus fingindo que não me conhecia? Há tanto de você em mim. Você deixou os seus rastros na minha história. São doze anos e parece que foi ontem. O seu nome é um que  não consigo pronunciar sem chorar, sem que me destrua um pouco por dentro.  Dizer que eu nunca mais amarei alguém como amei você passou de um mau presságio para uma prece. Nos meus sonhos, de vez em quando você volta para me assombrar. Você tenta me devolver aquilo que  te dei, mas você não tem isso em você.  Fui eu quem peguei emprestado: a sua jaqueta, os seus gostos, as migalhas de afet
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As mil formas de dizer adeus

Quase uma década se passou e não resta em mim uma célula ou fio de cabelo que você tenha tocado. Uma vez eu li um texto que dizia que o mais triste de tudo é o fim do amor, mas enquanto eu sentia a dor, achava que isso seria impossível. Mas, um dia você deixou de existir em mim, foi se tornando uma lembrança e um amontoado de memórias desconexas que eu já não consigo segurar em minhas mãos. Ainda não sei se você simplesmente foi embora ou foi saindo aos poucos da minha vida. Há dias em que eu sinto que você simplesmente pegou as malas e saiu por aquela porta e nunca mais voltou. Em outros, é como você tivesse retirando uma peça de cada vez, um dia uma camisa, no outro seu perfume, até que todas as coisas pequenas e grandes tivessem sido mudadas para fora da minha vida sem que eu me desse conta. Nas temporadas mais insanas, sinto que você nunca foi embora, que se alastrou completamente por meu corpo e mente de forma que nunca conseguirei te deixar partir completamente. É como carre

Ontem

Ontem o calendário marcou sete anos desde aquela manhã que se fez frio em dezembro. Aquela mesma manhã em que fui teimosa o suficiente para sair de casa sem casaco e você me emprestou o seu. Eu que amo os simbolismos, achei que aquele dia seria, enfim, o começo de algo. Ontem tudo doeu. Cada fibra do meu ser me lembrando do que poderíamos ter sido e não fomos. Tudo foi inundado de memórias nossas, cada riso e cada conversa. Cada lembrança era um soco ao saber que nunca mais amarei alguém como eu amei você. Ontem fiquei triste com as minhas coisinhas. Fiquei me sentindo patética por sempre achar que eu finalmente deixei de te amar, mas sempre deixo afetar por essa data. Me afeta tanto que foi difícil até mesmo levantar da cama. Ontem me deixei afogar na ilusão de nós. Permiti-me sentir todas as dores que cada pedacinho meu coração conhece tão bem. Você sempre soube onde enfiar a faca em lugares de difícil cicatrização. Você queria deixar a sua marca, mas nunca o fez de um jeito

Você não sabe dançar

Eu pensei em como eu queria dançar com você. Essa é a ideia mais ridícula que já tive. Você nunca soube dançar. Em uma festa que fomos juntos, você dançou com outras garotas e nem me dei o prazer de chorar, porque era tão ridícula a cena que tive que rir. Dançar com você é uma ideia ridícula porque para mim isso é um ato de amor. E você só me ama mais ou menos. Você me ama em outras garotas. Cada uma delas tinha um pouco de mim, mas você só amava elas e não eu. Você me ama na conveniência, quando precisa de alguém para assistir suas peças, alguém que ouça pela milésima vez que você está fazendo a coisa errada. Teu amor é tão (in)conveniente que você nunca está disposto quando te chamo para sair, ou preciso fazer uma listagem completa de quem estará lá, porque parece errado você ser visto sozinho comigo. Tudo o que eu sempre pedi foi para ser amada por primeiro. Você com esse jeito cool de garoto bonito não consegue me amar por mim. Você está sempre me sugando enquanto ama a mi

Notas sobre o fim

Ouvi dizer que você tem falado de mim pelos bares da cidade, aqueles velhos bares que costumávamos frequentar. Você tem pedido até mesmo aquele drink que você caçoava quando eu tomava. Você diz para quem quiser ouvir, em meio a sua crise de bebedeira, que sente saudade de mim e nunca vai superar minha partida.  É nessas crises que você fala tudo aquilo que nunca falou para mim, deixando as lacunas para serem preenchidas com dor e mais perguntas. Você cimentou todas as inseguranças que era possível em uma pessoa. Para um amigo, você confessou que agora está um pouco paranoico, me vendo em todos os lugares e você está perto de enlouquecer, como você enlouquecia. Você começa a sentir o vazio na sua cama todas as noites. Seu olfato sente falta do meu perfume, e você vai perceber que ele não pode ser comprado em nenhuma loja. Me contaram que você até chorou assistindo meu filme favorito, aquele que assistíamos tarde da noite quando a insônia me fazia uma visita. Sei que parece arroga

Todos os quases

Quase te liguei essa semana. Passei várias horas olhando para a janela da sua conversa e ponderei se deveria mandar um simples oi. Queria tanto te contar as novidades da minha semana, queria te contar da proposta maluca que eu aceitei. Tenho certeza que você iria rir e me tranquilizar, me dizer para acreditar no meu potencial. Mesmo com seu jeito meio distante e cauteloso, você sempre demonstrou interesse pelas minhas preocupações.  Quis te contar também de como eu fiquei super brava com meus amigos, naquele nível que você nunca viu. Não iria descontar minha raiva, porque tem algo anestésico na sua calmaria, algo que traz um tão necessário equilíbrio para minha vida. Havia tantas coisas a serem ditas, mas nenhuma delas deixaram a minha cabeça. Eu achei que pela primeira vez eu não estava correndo atrás de um fantasma, e com isso estava sempre aprendendo a lidar com suas virtudes e defeitos. Me esforcei todos os dias para que a minha mania de deixar para lá não me vencesse. Admi

A Dança

Você coloca uma música do Michael Bublé para tocar.  A luz do ambiente diminui e você acende algumas velas. Você se vira em um meio passo de valsa e faz uma mesura brincalhona e me tira para dançar. Nossos dedos se entrelaçam em um encaixe perfeito. A sua outra mão pousa na base da minha coluna enquanto a minha descansa sobre seu ombro. Os teus olhos que dançam cheios de emoção enquanto desvenda minha alma. Nos teus lábios  (ah, os seus lábios) carregam um sorriso que tenta soar irônico, mas que sustenta tanta alegria que me quase me derruba pelos meus pés. Em um movimento você me coloca mais perto até que as batidas dos corações cria um ritmo próprio, aquele tipo de música que só dois corpos conseguem compor. O seu nariz toca no meu e de repente, teus olhos e os meus são um só. Um arrepio desce por minha coluna e o calor se espalha pelo meu corpo até o dedinho do pé. São aqueles segundos, o prelúdio ao beijo que  fazem toda a diferença. E como se fosse a primeira vez, seus lábios