Ontem
o calendário marcou sete anos desde aquela manhã que se fez frio em dezembro. Aquela
mesma manhã em que fui teimosa o suficiente para sair de casa sem casaco e você
me emprestou o seu. Eu que amo os simbolismos, achei que aquele dia seria,
enfim, o começo de algo.
Ontem
tudo doeu. Cada fibra do meu ser me lembrando do que poderíamos ter sido e não
fomos. Tudo foi inundado de memórias nossas, cada riso e cada conversa. Cada
lembrança era um soco ao saber que nunca mais amarei alguém como eu amei você.
Ontem
fiquei triste com as minhas coisinhas. Fiquei me sentindo patética por sempre
achar que eu finalmente deixei de te amar, mas sempre deixo afetar por essa
data. Me afeta tanto que foi difícil até mesmo levantar da cama.
Ontem
me deixei afogar na ilusão de nós. Permiti-me sentir todas as dores que cada
pedacinho meu coração conhece tão bem. Você sempre soube onde enfiar a faca em
lugares de difícil cicatrização. Você queria deixar a sua marca, mas nunca o
fez de um jeito bom.
Ontem fez frio de
novo em dezembro. Mas hoje, eu levantei e lembrei-me de trazer meu casaco.
Lembrei de sentar-se à mesa do escritório e rir das piadas dos colegas. Lembrei
de te escrever esse texto, rezando para que se fosse o último.
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