Ouvi
dizer que você tem falado de mim pelos bares da cidade, aqueles velhos bares
que costumávamos frequentar. Você tem pedido até mesmo aquele drink que você
caçoava quando eu tomava. Você diz para quem quiser ouvir, em meio a sua crise
de bebedeira, que sente saudade de mim e nunca vai superar minha partida.
É nessas crises que você fala tudo aquilo que
nunca falou para mim, deixando as lacunas para serem preenchidas com dor e mais
perguntas. Você cimentou todas as inseguranças que era possível em uma pessoa.
Para
um amigo, você confessou que agora está um pouco paranoico, me vendo em todos
os lugares e você está perto de enlouquecer, como você enlouquecia. Você começa
a sentir o vazio na sua cama todas as noites. Seu olfato sente falta do meu
perfume, e você vai perceber que ele não pode ser comprado em nenhuma loja.
Me
contaram que você até chorou assistindo meu filme favorito, aquele que assistíamos
tarde da noite quando a insônia me fazia uma visita. Sei que parece arrogante
contar essas coisas agora, mas queria que você soubesse que entendo.
Passei
noites em claro procurando você entre lençóis e pessoas vazias. Depois que você
foi embora, a sua música preferida tocou mil vezes na minha playlist. Eu nunca
me senti tão sozinha em busca de preencher o vazio que ocupava o universo.
Foram
meses e meses afogada no mar de mágoas que você criou. Achei que tinha atingido
o fundo do poço e que a saída era uma escada sem fim. E então encontrei no meio
do caminho a mim mesma.
Eu sei que dói quando você diz por aí que
sente falta da forma que olho para as luzes da cidade tarde da noite e fico
encantada. Sei, porque me doeu lembrar que seus olhos sempre piscam rápido
demais quando você está realmente animado com algo.
Sinto
que estou cantando uma canção sobre o fim. Os versos saem tortos e desritmados,
mas no fim espero que você possa compreender que nossas estradas não se cruzam
mais. Você deveria ter me amado com tamanha intensidade quando eu ainda estava
por perto.
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